Qual o valor de um software?

Deve-se avaliar o valor de um software em função do que ele agrega ao produto ou serviço onde ele é utilizado, direta ou indiretamente. Em termos de uso doméstico como entretenimento, o seu valor não é financeiro, o valor é medido em termos de ganho de bem-estar proporcionado.
Em relação a Internet, um software como o Mozilla Firefox que gera valor para o usuário final, seja ele particular ou profissional, é remunerado indiretamente, sendo uma das principais fontes o Google, devido às buscas efetuadas através do navegador no buscador. O Google capitaliza o seu capital tecnológico com base em publicidade, serviços e via abertura de capital em bolsa de valores.

Os sistemas desenvolvidos para o ambiente da Internet são em sua maioria código aberto (open source), porém podem ser desenvolvidos com software pago, o que é uma escolha de uma parcela das empresas e fornecedoras de soluções que se baseia em um modelo antigo de remuneração pela venda de produtos.
Em relação à aplicações (sistemas para fins específicos), isso não faz o menor sentido, porque aplicações são adaptações de negócios para serem executados em ambiente virtural, portanto são de uso específico para cada segmento de negócio, ou mesmo por empresa de acordo com as particularidades inerentes a sua própria estrutura. Aplicações não diferenciam a tecnologia que as implementa, portanto o uso de frameworks open source é vantajoso nesse tipo de situação, em primeiro lugar por questões de custo, em segundo lugar porque seguem a tendência do modelo que implementa a Internet.
O que diferencia as empresas é o negócio explorado e não a tecnologia utilizada.

Existem os sistemas que implementam a infra-estrutura da Internet que são em grande parte códigos proprietários, como banco de dados, firmware embarcados de firewalls, roteadores, etc. Uma parte deve continuar sendo proprietário, como os softwares embarcados, mas já existem soluções de banco de dados open source como o PostgreSQL, por exemplo, que dão conta número de transações suficientes para suportar grandes aplicações com milhões de registros, além de firewalls open source, servidor DNS, servidor web, servidor de aplicação etc.

Esse ambiente de serviços, há anos detectado pela IBM, cuja estratégia a levou novamente aos postos mais altos entre as gigantes do setor, deve modificar as relações entre trabalhador-empresa acarretando alguns fatores como:
  • O custo de formação de capital humano passa a ser o fator principal, em detrimento dos investimentos em bens de capital.
  • O trabalho de um profissional possui campo de atuação virtualmente infinito com a Internet, ou seja, a demanda deverá continuar aumentando exponencialmente frente a oferta de profissionais que atuam no mercado. A valorização excessiva dos profissionais deve acarretar uma mudança nos valores de relacionamento entre as empresas e os bons profissionais de informática.

Muito se discute também sobre o potencial a ser aproveitado por países em desenvolvimento em ocupar um lugar de destaque entre potências tecnológicas com baixo custo de implementação e uma curva de aprendizado relativamente pequena. Nesse ponto voltamos a pergunta inicial. Qual o valor de um software? E podemos responder que o valor é inestimável frente as possibilidades oferecidas.

Mas essa resposta não pode mascarar uma realidade frente aos softwares proprietários. Se existem muitos softwares gratuitos que realizam as mesmas tarefas que os softwares pagos, qual a diferença de valor entre eles?
O fato é que o software proprietário não fornece vantagem alguma frente ao software open source nas questões discutidas, pois a lógica da utilização do software proprietário é justamente uma evolução histórica do modelo de comercialização baseada em produto físico, apesar do software não seguir essa mesma lógica.

Com os custos de produção, divulgação e distribuição escaláveis da maneira que são, faz-se com que a produtividade em desenvolvimento de software seja desproporcional em relação ao modelo tradicional de produtos físicos, tornando qualquer ineficiência na cadeia produtiva, de distribuição ou de comercialização inócua, gerando benefícios restritos a uma pequena parcela de atores.
Ou seja, em troca de ganhos concentrados em poucas pessoas e empresas, se aceita o desperdício na cadeia como um todo através de ineficiência no desenvolvimento, profissionais mal formados, incentivo ou conivência com a pirataria de software, aquisições escusas de companhias para minimizar a concorrência.

O modelo proprietário, que no mundo material possibilitou aumentos de ganhos de escala e que no mundo virtual tenderiam a ser muito maiores, vê essa possibilidade se esvair a partir do momento que o desperdício com as concessões acima citadas para manter o modelo em funcionamento são feitas.

Pode-se dizer que a competição entre os diferentes modelos está acontecendo com a prevalência da discussão dos mesmos, algo que foi pensado no mundo da informática na década de 1970, hoje está cada vez mais fortalecido que é o movimento do software livre.

É possível um software proprietário servir como referência ao desenvolvimento econômico das pessoas? Sim, mas é importante saber que vai sair mais caro em vários sentidos, para a maioria dos agentes envolvidos na cadeia de criação de conhecimento e agregação de valor econômico. Para a manutenção desse modelo, somente se acirrando a briga pelo espaço que vem sendo perdido para o modelo open source.


Revisões
Publicado em 16/04/2009 em aprox. 0:30 hr
Escrito em 15/04/2009 em aprox. 4:00 hr
Rev. 1.1.b - 30/04/2009 00:15 em aprox. 0:40 min

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