Kerberos - Cena I
Kerberos é um protocolo que implementa um sistema centralizado de autenticação, baseado em tickets, desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).
O profissional que tem um bom conhecimento do protocolo Kerberos pode implementar ou interligar sistemas baseados nesse protocolo, mesmo que não seja utilizado o Kerberos em sí. Imagine duas aplicações web distintas, cada uma com a sua base de usuários. É possível utilizar o servidor de uma das aplicações como sendo o KDC (Key Distribution Center) gerando tickets e validando a autenticidade do usuário e se comunicando com o servidor da segunda aplicação e com a aplicação web (browser) para estabelecer a comunicação entre elas através da autenticação via um sistema centralizado.
Dependendo do nível de segurança desejado, é possível implementar esse tipo de solução que é muito eficiente e de custo baixo.
O texto a ser apresentado é uma tradução de um diálogo escrito em 1988 para ajudar os leitores a entender as razões que fundamentam os motivos do protocolo Kerberos V4 a ser o que ele é. O Kerberos se encontra na versão 5 com várias alterações em relação a versão 4, porém a síntese do protocolo continua a mesma. Esse texto é muito rico tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de vista literário.
Para quem não conhece o protocolo, o texto é excelente como introdudução ao assunto. Se o leitor tiver conhecimentos básicos de criptografia, conseguirá acompanhar o raciocínio com tranquilidade. Em alguns momentos talvez seja necessário uma revisão do que já foi lido, pois o protocolo é extenso e exige em torno de dez passos para realizar todo o processo de autenticação.
O texto é recomendado mesmo para quem já conhece o protocolo.
No mundo da TI, existem profissionais que além de ficar inventando protocolos, ainda tiveram tempo para se inspirar na mitologia grega ou em Shakespeare.
O texto foi excrito como um diálogo entre Athena (Tina) e Euripides (Rip) e contém uma boa dose de humor.
Foi feito um esforço para manter as características do texto original em uma tradução livre. Porém a tradução apresentada foi feita para aqueles que tem dificuldades com a língua inglesa, e sem dúvida é aconselhável, para quem puder, que leia o original em inglês.
Athena na mitologia grega éra a deusa da sabedoria e da habilidade.
Euripides foi o último dos três grandes escritores trágicos do período clássico grego.
O sistema Kerberos do MIT originalmente foi chamado de Caronte, que na mitologia grega transportava as almas dos mortos de um lado ao outro do rio Aqueronte, mediante um pagamento.
Kerberos, o cão mitológico de três cabeças guardava as portas de Hades, assegurando que os espíritos dos mortos pudessem entrar mas não pudessem sair.
O projeto que deu origem ao protocolo Kerberos se chamava Athena, e também deu origem a outras tecnologias como o X Window.
Projetando um sistema de autenticação:
um diálogo em quatro cenas
um diálogo em quatro cenas
Copyright 1988, 1997 Massachusetts Institute of Technology. Todos os direitos reservados.
Originalmente escrito por Bill Bryant, fevereiro de 1988.
Revisado e convertido para HTML por Theodore Ts'o, Fevereiro de 1997. Um epílogo descrevendo as alterações na versão 5 do protocolo Kerberos também foi adicionado.
Sumário
Esse diálogo traz o desenrolar de uma ficção do projeto de um sistema aberto de autenticação de rede chamado "Caronte". Conforme o diálogo progride, os personagens Athena e Eurípedes descobrem problemas de segurança inerentes a um ambiente de redes aberto. Cada problema precisa ser avaliado no projeto do Caronte, e o desenho vai se desenvolvendo de acordo. Athena e Eurípedes não finalizam o trabalho até o final do diálogo.
Quando eles finalizam o projeto do sistema, Athena altera o nome do sistema para "Kerberos", que por grande coincidência é o nome do sistema de autenticação que foi projetado e implementado no Projeto Athena do MIT. O diálogo do sistema "Kerberos" possui uma grande semelhança com a descrição do sistema efetuada em "Kerberos: An Authentication Service for Open Network Systems" ftp://athena-dist.mit.edu/pub/kerberos/doc/usenix.PS apresentada no Winter USENIX 1988, em Dallas, Texas.
Conteúdo
- Dramatis Personae
- Cena I
- Cena II
- Cena III
- Cena IV
Dramatis Personae
Athena | Uma ambiciosa desenvolvedora de sistemas em ascensão |
Eurípedes | Um desenvolvedor veterano, sênior e excêntrico |
Cena I
Uma baia. Atena e Eurípedes estão trabalhando em terminais vizinhos.
Athena | Uma ambiciosa desenvolvedora de sistemas em ascenção |
Eurípedes | Um desenvolvedor veterano, sênior e excêntrico |
Athena | Ei Rip, esse sistema de comparilhamento de servidor é uma porcaria. Eu não consigo finalizar os meus trabalhos, porque sempre está todo mundo logado. |
Eurípedes | Não reclame comigo, eu sou um mero empregado. |
Athena | Sabe o que a gente precisa? Nós precisamos dar a cada um a sua própria estação de trabalho para que ninguém precise se preocupar em compartilhar processamento do servidor. E nós usaremos a rede para conectar todos as estações e as pessoas se comunicarem entre sí. |
Eurípedes | Bacana. Então o que precisamos, umas mil estações? |
Athena | Mais ou menos. |
Eurípedes | Você já viu o tamanho do HD de uma estação de trabalho? Não existe espaço suficiente para todos os softwares que rodam nos servidores. |
Athena | Eu já pensei nisso. Quando você se logar na estação de trabalho, ele acessará o software necessário através de uma conexão com um dos servidores. Essa configuração permite que várias estações de trabalho utilizem a mesma cópia do software, o que ainda torna conveniente a atualização de softwares. Você não precisa ficar zanzando atrás de cada estação de trabalho. Basta uma atualização do software no servidor. |
Eurípedes | Certo. E o que você vai fazer com os arquivos pessoais? Em um sistema de compartilhamento de sistema eu posso me logar e pegar os meus arquivos de qualquer terminal que esteja conectado cmo o sistema. Será possível eu me dirigir a uma estação de trabalho qualquer e automaticamente pegar os meus arquivos? Ou eu precisarei fazer como em um computador pessoal e manter os meus arquivos em disquete? Espero que não. |
Athena | Eu acho que nós podemos utilizar outras máquinas para fornecer o armazenamento de arquivos pessoais. Você pode se logar em qualquer estação de trabalho e pegar os seus arquivos. |
Eurípedes | E a impressão? Cada estação de trabalho terá a sua própria impressora? Quem vai te dar essa grana toda? E as correspondências? Como você vai distribuir as correspondências para todas essas estação de trabalho? |
Athena | Ahn... é claro que não temos a grana para dar uma impressora para cada um, mas podemos ter máquinas dedicadas para serviço de impressão. Você envia um trabalho para um servidor de impressão e ele imprime para você. Você pode tratar o correio da mesma maneira. Tendo uma máquina dedicada para servidor de correio. Você quer o seu correio, você contata o servidor de correio e pega a sua correspondência. |
Eurípedes | Tina, o seu sistema de estações de trabalho me soa muito bem. Quando eu tiver a minha, você sabe o que eu vou fazer? Eu vou descobrir o seu usuário, e fazer a minha estação de trabalho pensar que eu sou você. Vou contatar o servidor de correio e pegar a sua correspondência. Vou contatar o servidor de arquivos e apagar tudo, e ... |
Athena | Você pode fazer isso? |
Eurípedes | Claro! Como os servidores de rede vão saber que eu não sou você? |
Athena | Aih, não sei. Acho que eu preciso pensar melhor. |
Eurípedes | É, parece que sim. Me fala quando você tiver algo. |
---------------------
Cena II
Cena III
Cena IV
---------------------
Revisões
Traduzido em 28/09/2007 21:40 em aprox. 1:30 hr
Editado e publicado em 01/10/2007 03:10 em aproximadamente 2:15 hr
Revisado em 01/10/2007 17:15 em aproximadamente 1:30 hr